Olá pessoal,
Mais uma vez aqui no blog.
Para Bruscia, na improvisação de canções "o cliente improvisa letras, melodias e/ou o acompanhamento de uma canção. Os subtipos são solo, dueto e improvisações grupais (...). " (BRUSCIA, 1998, p.125)
· Falar de improvisação musical é uma
coisa que assusta principalmente os leigos. Embora pareça complicado, o
princípio da improvisação em musicoterapia é muito simples e natural.
Uma improvisação de canção pode ser
desenvolvida a partir de muitos dispositivos, alguns deles já foram citados
aqui no blog.
Por exemplo, o canto. Quem já fez
aulas de canto sabe que existem diversos exercícios para aquecimento vocal.
Existem métodos e técnicas de alguns professores que estão mais vinculados à
experiência de improvisação na musicoterapia, pois pensam no indivíduo como um
todo. Já outros métodos podem atém bloquear o canto livre e a livre
improvisação. Tomemos o primeiro exemplo e seguimos com a referência. Então, uma
melodia pode ser improvisada a partir de exercícios, tais como: vocalizes, exploração
vocal, exercícios técnicos, variações de um tema conhecido, que podem abrir um
canal para a exploração que resultará em improvisação.
Aqui temos, por exemplo, variações do
tema Águas de Março pelo grupo UAKTI.
Neste caso, tendo diversos
instrumentos para executar a mesma música, podemos encontrar alternativas sobre
como variá-la, bem como utilizar instrumentos que correspondam com aspectos da
letra, que imitem sons de chuva, de pássaros se referindo às águas ou ao
matita-perê, respectivamente.
Porém, não é possível racionalizar
toda a improvisação. O prazer da improvisação raramente vem da racionalização,
mas sim da vontade, do desejo e da intuição e, obviamente, isso acontece quando
criamos mais intimidade com os instrumentos musicais e com o fazer musical.
O musicoterapeuta além de facilitar a
improvisação, dará apoio à improvisação, fazendo acompanhamento e utilizando
determinadas técnicas de improvisação que listarei mais adiante, as 64 técnicas
de musicoterapia.
Embora, a característica de uma
canção seja bem demarcada em termos de ritmo, harmonia, melodia, aqui o caso é
improvisação, portanto, podemos transcender um pouco esta característica e
entender a criação como experimentação para, se interessante, registrarmos esta
improvisação como forma de composição e recreação.
Uma canção geralmente fala de alguma
coisa, seja sentimento, política, fato, imaginação, etc. Cada compositor possui um modo
próprio de compor, dependendo da afinidade que tem com o instrumento e outros elementos. Na musicoterapia, toda alternativa
que favoreça a improvisação de canções, será utilizada.
Se você está fazendo musicoterapia, é
bem provável que se sentirá mais tranquilo em relação ao fazer musical, pois na
musicoterapia é imprescindível que ocorra a sensibilização musical, de modo que
o instrumento se torne um recurso e não um bloqueio.
A sensibilização musical implica em
explorar, perceber, curtir e interagir.
De acordo com a minha experiência e
ponto de vista, a sensibilidade ao som e suas conexões são fundamentais. A
pessoa que se dirige à musicoterapia irá de ouvidos abertos para a experiência
musical, exceto se pensar que precisa saber música.
Eis aqui um vídeo de exemplo. Aos
2:05 minutos uma paciente recentemente diagnosticada com um tipo de câncer,
improvisa uma letra sobre o acompanhamento do piano improvisado pelo
musicoterapeuta.
Um texto muito interessante para complementar o papel das
canções é da musicoterapeuta Marly Chagas no XV Simpósio Brasileiro de
Musicoterapia e XII Encontro nacional de pesquisa em musicoterapia no ano de
2012. O Tema de sua apresentação é “A canção, o cantar e o cantor - uma reflexão teórica” (pág. 28)
Este texto apresenta através da leitura dos filósofos Deleuze
e Guattari as relações da arte com a percepção e sensação do indivíduo e, a
possibilidade de transformação como produto desta relação. É um texto muito
poético.
E pra finalizar, um Exemplo de acompanhamento de improvisação de canções. Muito legal, muito animado.
Abraços,
Denise
REFERÊNCIA
BRUSCIA, kenneth. Definindo musicoterapia. Tradução Mariza Velloso Fernandez Conde. 2 ed. - Rio de Janeiro; ed. Enelivros, 2000